quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O MONTADO DE SOBRO E OS SEUS PRODUTOS

Nuno Cruz António

Convidamo-lo a conhecer alguns dos episódios mais curiosos e interessantes da história do nosso Montado de Sobro. Sabe onde é que foram produzidas as primeiras rolhas? E que uso davam os fenícios à cortiça? Leia e surpreenda-se!

O Montado é um sistema extremamente curioso. No nosso País, é cada vez mais conhecida e reconhecida a sua grande importância ecológica, económica e social. A cortiça, seu principal e mais conhecido produto é um recurso natural renovável, cuja exploração sustenta um ecossistema com uma considerável riqueza e diversidade de espécies de fauna e flora.

É interessante tentar perceber a razão pela qual sobreiro Quercus suber quase se restringe à área das bacias miocénicas do Tejo e Sado. Pensa-se que a sua área de distribuição seria mais alargada em tempos antigos. A origem do seu uso está ainda enevoada nos anais da História. Sabe-se que os fenícios utilizavam-na como utensílio de pesca - bóias. Foi também bastante usada pelos romanos que a chamavam de suber. Encontra-se aí a origem da sua denominação científica em latim. No nosso País, são conhecidas medidas de protecção do sobreiro como a proibição e punição de práticas como as queimadas, o varejamento indiscriminado do fruto, da colheita abundante de rama verde para alimentação do gado e os cortes indevidos.

A transformação industrial da cortiça a uma escala já considerável tem início há aproximadamente 100-150 anos. No princípio do século XIX, é na Catalunha, devido à sua relação com a região de Champanhe, que se dão os primeiros passos na produção de rolhas. Um dos seus factores desencadeantes foi o facto de D. Pierre Pérignon, mestre dispenseiro da abadia de Hautvillers, ter adoptado a cortiça como vedante das garrafas desse vinho espumoso substituindo as lascas de madeira forradas a cânhamo e embebidas em azeite. No entanto, sabe-se pelos levantamentos (inventários) das produções espanholas que, em 1875, não existia esta produção em Cáceres.

De uma forma um tanto ou quanto redutora mas realista, pode-se dizer que o sobreiro acabou por desaparecer onde as necessidades humanas de alimento se fizeram sentir antes de se iniciar a sua exploração. Ele manteve-se em zonas onde o valor agrícola aparece posteriormente ao da cortiça e madeira das congéneres arbóreas. Sabe-se, por exemplo, que para cada nau construída, utilizavam-se cerca de 5 ha de sobreiros. É evidente que esta estimativa omite o porte das árvores e a densidade do povoamento onde se encontravam. É, no entanto, interessante conhecer esta utilização adicional e dá nos uma indicação do papel relevante que desempenhou na expansão marítima portuguesa. A azinheira era usualmente preterida a favor do sobreiro por a sua madeira ser de mais difícil manuseamento para os carpinteiros e marceneiros.

Retirado de:
http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=3&cid=22574&bl=1

1 comentário:

Anónimo disse...

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