quarta-feira, 26 de outubro de 2011

HORTA NO TELHADO

Reportagem: Ismar Madeira (São Paulo)

Quem acha que é difícil ter uma horta na cidade é porque ainda não conhece a turminha de Lucas Zema, de 3 anos.

"A gente molha em todos os lados para a sementinha acordar e ir nascendo. Depois é só lavar e comer", comenta o menino.

"Muitas dessas crianças não comiam saladas em casa e algumas hoje até trazem cenoura picadinha com sal, tomate picadinho no lugar de salgadinhos para o lanche", aponta a coordenadora pedagógica Cristiane Salvagnini.

Para essa mudança acontecer, bastou aproximar as hortaliças das crianças. E elas crescem bem ali, pertinho da mesa: na laje de um pequeno terraço da escola.

"Projetamos essa horta em cima de uma garagem, vendo que aqui tem uma boa disponibilidade de sol", diz o técnico agrícola Marcos Victorino, que há 25 anos pesquisa o uso de técnicas agrícolas em grandes centros urbanos. Entre o "mar de edifícios" de São Paulo, no meio dos telhados acinzentados, lá está uma outra horta, que ele plantou em uma faculdade. E os resultados são surpreendentes.

Não é sempre que se vê um pé de alface grande, que cresceu assim exatamente por causa do lugar onde foi plantado. Um dos principais alimentos das hortaliças é algo que existe de sobra no ar nas grandes cidades: o gás carbônico.

"A planta tem ficado de um tamanho maior do que no campo. Ajuda bastante, inclusive, na resistência da planta, porque ela tem uma concentração maior de fibras por esse alto teor de carbono no grande centro. E o alimento fica saudável. Nós não temos problemas nenhum", assegura Marcos.

A horta brota no telhado. Isso mesmo! Telhas de fibra de cimento são usadas como base. Nelas, cabe uma grande quantidade de terra. Mas se a intenção é plantar ervas ou temperos, serve até um cestinho de prendedor de roupa.

"Se eu tenho um muro onde bate bastante sol, posso fazer uma horta nele. Eu também posso utilizar um lavador de arroz. Eu plantei manjericão em um cestinho de lixo. Tudo isso encontramos com facilidade, são materiais baratos, encontrados nas lojas de R$ 1. Paguei R$ 1 em cada um e fiz a horta", conta Marcos.

Se você acha que já viu tudo, já pensou em uma horta móvel? A versão plantada em um caixote com rodinhas pode ser levada para onde quiser.

"A idéia é fazer uma horta que eu possa guardar na garagem. Na hora que eu saio de casa para trabalhar, levo a minha horta e deixo tomando sol", explica.

Fácil e prazeroso. Uma lição de saúde que nunca é tarde ou cedo demais para se aprender.

"A horta do futuro é essa: perto de casa, perto de onde as pessoas vivem. Porque ela se integra não só à alimentação mas também à mudança da qualidade de vida", define Marcos.

Retirado de:
http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-20159-3-328482,00.html

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