O verdadeiro patrono do nosso País é esse sapateiro Bandarra...O futuro de Portugal - que não calculo mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra...O Bandarra, símbolo eterno do que o povo pensa de Portugal
Fernando Pessoa
Em dois sítios me achareis,Por desgraça ou por ventura:Os ossos na sepultura,A alma, nestes papéis.
Um livro pequeno, muito pequeno, não fosse a quantidade de informações históricas que poderemos ler!
Para mim, este livro trata-se apenas de uma curiosidade. Qualquer interessado vai ler este livro pela história das suas profecias: Bandarra ofereceu-nos, no séc. XVI, poemas que vaticinam o futuro de Portugal e do Mundo, e acabaram por acontecer realmente depois de ele morrer!
Serviu de inspiração a muita gente, incluindo o padre António Vieira e o poeta Fernando Pessoa. Este livro vem acompanhado com um prefácio de carácter histórico, que ajuda a perceber o porquê da publicação de tais trovas, e acompanha-o várias notas para quem quer aprofundar melhor o significado de cada dito. É curioso ver que as profecias/poemas são escritos em forma de metáfora, e o leitor não deixa de pensar: realmente, sim senhora, por acaso até acabou por ser assim, olhem só a comparação!...
Além disso, ainda podemos ler algumas críticas ao estado do país que, incrivelmente, se mantém até hoje...
Comprei este livro em Trancoso, a preço de 1 euro. O conselho: visitem Trancoso e comprem o livro. Para quem ficou interessado depois da minha apreciação, como é óbvio aconselho-os a lerem o livro quando puderem.
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a hora!
No segundo poema dos símbolos do Encoberto Pessoa dá-nos a receita para nos libertarmos:
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até a mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
Só através da mobilização e da manifestação do descontentamento e da acção sobre as forças maléficas (o poder actual) o bem se pode impor.No 3º Aviso sobre o desejado o poeta escreve:
Screvo meu livro à beira mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho os meus olhos quentes de água
Só tu, Senhor, me dás viver.
Aqui o poeta identifica o desânimo e o choro que vai na alma dos portugueses!
Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos, enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a hora?
O poeta aqui identifica o tal sentido da hora de mudança com a vinda do Rei. Quando chega a hora do rei e da mudança, interroga-se.
Quando virás a ser o Cristo
De aquém morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?
O poeta aqui pergunta quando serás a luz, o escolhido, quando acabará a mentira do falso rei.
Quando nos livrarás do mal em que vivemos e quando irás trazer a nova esperança e vida?Quando virás, ó encoberto
Sonho das eras português
Tornar-te mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?
O poeta aqui pergunta, quando é que apareces para o povo te conhecer?
Mas afinal quem é o encoberto, o Rei que todos procuramos para realizar o sonho da alma pátria e cumprir Portugal?
Retirado de:
http://p-leituraseopinioes.blogspot.com/2008/09/profecias-do-bandarra.html
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