O Vajrayana, ou Veículo de Diamante, surgiu por volta do século V nas regiões nordeste e noroeste da Índia. Este movimento também é conhecido como Veículo do Tantra (sânsc. Tantrayana) e Veículo do Mantra (sânsc. Mantrayana). O Vajrayana é uma forma específica de buddhismo Mahayana que foi difundido pela Ásia Central, Tibet, Nepal, Butão, Mongólia, China e Japão (onde é chamado Mikkyô, ensinamento secreto ou ensinamento esotérico). Através da Mongólia, o buddhismo tibetano também chegou ao sul da Rússia, hoje dividido em repúblicas autônomas no Cáucaso (Kalmykia) e na Sibéria (Buryatia e Tuva).
Um sinônimo para Vajrayana é Mantra Secreto (sânsc. Guhyamantra). “Secreto” refere-se ao fato de que sua própria natureza é um segredo para a mente confusa. O fato de que a realização pode ser alcançada dentro de alguns anos ou dentro desta mesma vida está inteiramente conectado com a realização desta natureza da mente e isto requer confiança e devoção.
(Da introdução de Chökyi Nyima Rinpoche em The Dzogchen Primer)
O Vajrayana nos diz que a natureza da mente de todos os seres está coberta por dois obscurecimentos. Um é chamado “obscurecimento emocional” — desejo, raiva e ignorância. O segundo, o “obscurecimento cognitivo”, é o apego sutil ao sujeito, objeto e interação, no qual o estado desperto desvia-se em apego dualista. Estes dois tipos de obscurecimento precisam ser dissolvidos e purificados. Isto é realizado reunindo-se as duas acumulações — a acumulação de mérito e a acumulação de sabedoria, o treinamento no despertar original. Reunido as duas acumulações, desvelamos os dois tipos de conhecimento supremo — o conhecimento que percebe o que quer que possivelmente exista e o conhecimento que percebe a natureza como ela é. Desvelando os dois tipos de conhecimento supremo, realizamos os dois kayas, dharmakaya e rupakaya. Rupakaya significa “corpo da forma” e tem dois aspectos: sambhogakaya, que é a forma da luz de arco-íris, e nirmanakaya, que pode tomar a forma física.
(Tulku Urgyen Rinpoche, As It Is - Volume II)
As escolas do Vajrayana costumam tomar o Samdhinirmochana Sutra como base para classificar os ensinamentos buddhistas em três “ciclos” ou “giros da roda do Dharma”.
De acordo com as escrituras Mahayana, podemos entender os ensinamentos e Buddha em termos do que são conhecidos como os “três giros da roda do Dharma”. O primeiro giro da roda foi em Sarnath, próximo a Varanasi, e foi o primeiro sermão público que o Buddha deu. O assunto principal deste ensinamento foi as Quatro Nobres Verdades, no qual o Buddha estabeleceu a estrutura básica de todo o Buddhadharma e do caminho para a iluminação.
O segundo giro da roda do Dharma foi no Pico dos Abutres [sânsc. Gridhakuta], próximo a Rajgir, atualmente em Bihar. Os principais ensinamentos apresentados aqui foram os da perfeição da sabedoria. Nestes sutras, o Buddha elaborou a terceira nobre verdade, a verdade da cessação. Os ensinamentos perfeição da sabedoria são críticos para entender completamente o ensinamento do Buddha sobre a verdade da cessação, particularmente para reconhecer totalmente a pureza básica da mente e a possibilidade de limpá-la de todos os poluentes. O assunto explícito dos Sutras da Perfeição da Sabedoria (sânsc. Prajnaparamita Sutras) é a doutrina da vacuidade. Então, como a base para os ensinamentos da vacuidade, estes sutras apresentam todo o caminho no que é conhecido como o assunto oculto ou escondido dos Sutras da Perfeição da Sabedoria, que é elaborado de modo bem claro e sistemático do Ornamento da Realização Clara (sânsc. Abhisamayalamkara) de Maitreya.
O terceiro giro da roda do Dharma é uma coleção de sutras ensinados em diferentes tempos e lugares. Os principais sutras desta categoria de ensinamentos são o material fonte para o Uttaratantra de Maitreya. Não apenas apresentam a vacuidade ensinada no segundo giro da roda, mas também apresentam a qualidade da experiência subjetiva. Apesar de estes sutras não falarem sobre a experiência subjetiva em termos das sutilezas de níveis, eles apresentam a qualidade subjetiva da sabedoria e os níveis através dos quais podemos melhorá-la e são conhecidos como Sutras da Essência ou Núcleo do Estado Búddhico (sânsc. Tathagatagarbha Sutras). Entre os escritos de Nagarjuna, há uma coleção de hinos junto com uma coleção do que poderia ser chamado de corpo analítico, como seus Fundamentos do Caminho do Meio [sânsc. Mulamadhyamakakarika]. O corpo analítico lida diretamente com os ensinamentos da vacuidade conforme ensinados nos Sutras da Perfeição da Sabedoria, enquanto os hinos relacionam-se com os Tathagatagarbha Sutras.
(Dalai Lama, Illuminating the Path to Enlightenment)
Os milagres realizados por muitos dos [maha]siddhas são ou símbolos de realização espiritual ou resumos sumários de seus ensinamentos, ainda que estes também fossem por vezes apresentados em tratados curtos ou mais longos. Perdeu-se muito do que os siddhas assentaram por escrito. Só o que foi guardado em Apabhramsa ou em traduções tibetanas está conservado. Os siddhas foram os primeiros a escrever na língua do povo de sua época, em vez de fazê-lo em sânscrito, que só era compreensível para os eruditos ou para o clero. Tornaram-se com isso os pais de uma linguagem escrita popular da qual se desenvolveram posteriormente, entre outros, o atual hindi e o bengali. Assim, seu trabalho teve um extenso significado e talvez um dia sejam redescobertos na antiga literatura bengali outros siddhas.
(Lama Anagarika Govinda, Reflexões Budistas)
[U]m dos fatores responsáveis pela degeneração do buddhismo tântrico na Índia foi a proliferação de práticas tântricas ocorrida em um determinado período passado. É claro que se a prática tântrica não tiver a base e os pré-requisitos fundamentais, as técnicas e a meditação do tantrismo podem se revelar mais nocivas do que benéficas. É por isso que as práticas tântricas são chamadas “Dharma secreto” ou “modo de vida secreto”.
(Dalai Lama, The World of Tibetan Buddhism)
(Dalai Lama, The World of Tibetan Buddhism)
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