O Cidadão Fernando Nobre
Segunda-feira, 13 de Abril de 2009
Ultimamente tenho constatado que me é difícil ser aceite como um “simples cidadão” que sou porque, aparentemente, colou-se-me o estatuto de “figura pública” embora nunca o tenha pretendido e, devo dizê-lo, até me incomoda.
Já antes de ter fundado a AMI há 25 anos, tinha eu então trinta e dois anos, e desde há muito era Cidadão, consciente dos seus deveres e dos seus direitos. Como tal, tenho recusado terminantemente deixar de ser o cidadão que sempre fui: foi essa postura que me levou, em Portugal, a tomar posição política pública em três ocasiões, como consta claramente no “meu perfil”, neste blog.
Já antes de ter fundado a AMI há 25 anos, tinha eu então trinta e dois anos, e desde há muito era Cidadão, consciente dos seus deveres e dos seus direitos. Como tal, tenho recusado terminantemente deixar de ser o cidadão que sempre fui: foi essa postura que me levou, em Portugal, a tomar posição política pública em três ocasiões, como consta claramente no “meu perfil”, neste blog.
Àqueles que me criticam violentamente por dizer o que realmente penso sobre certos acontecimentos (guerras EUA – Iraque e Israel - Palestina), pessoas (Senhores Bush, Blair, Aznar, Durão Barroso…) ou por tomar posições políticas ao apoiar quem eu decido apoiar (2002: Dr. José Manuel Durão Barroso e PSD - 2006: Dr. Mário Soares e PS - 2009: Dr. Miguel Portas e BE), quero dizer claramente que em cada uma das ocasiões o fiz porque, genuinamente, acreditei que estava a tentar ser útil para o meu País ou para a Europa. SEMPRE O FIZ, COMO NÃO PODERIA DEIXAR DE SER, SEM NUNCA PEDIR OU ESPERAR FAVORES, FOSSEM ELES QUAIS FOSSEM, AO CONTRÁRIO DO QUE ALGUNS INSULTUOSOS COMENTÁRIOS DEIXAM ENTENDER!
Os mesmos que hoje me insultam por ter ousado dizer o que de facto penso sobre o Presidente da Comissão Europeia, são seguramente os mesmos que me incensaram, enquanto outros me criticavam (como, por exemplo, o meu Caro e Digno Amigo Barros Moura, infelizmente já desaparecido, me exprimiu por telefone), quando o ajudei a tornar-se Primeiro-Ministro de Portugal em 2002!
Para quem ler o “meu perfil” neste blog, ou a intervenção que na altura fiz na Convenção do PSD no Coliseu de Lisboa, em Fevereiro de 2002, e que publiquei no meu livro “Gritos contra a Indiferença” e neste blog, perceberá facilmente quando e como o apoiei (teve na altura destaque informativo na VISÃO e no DN, entre outros).
Por ter dito mais ou menos o que muitas outras figuras públicas, e com muito mais notoriedade, já tinham dito antes de mim (Miguel Cadilhe, Mira Amaral, Miguel Sousa Tavares, Ana Gomes, Mário Soares…) caiu o Carmo e a Trindade na blogosfera, e ao telefone com inclusive ameaças de retaliação financeira, corte de donativos, sobre a inocente AMI e quem ela apoia…
Assim sendo passo a explicar o porquê de ter dito o que disse: nunca aceitei, não aceito nem nunca vou aceitar que a pessoa que objectivamente apoiei para ser Primeiro-Ministro do meu País o tenha abandonado como o fez, fugindo lamentavelmente para Bruxelas, após o ter colocado na infamante reunião, e fotografia, da Base das Lajes que serviu de luz verde ao repugnante massacre no Iraque (que dura há seis anos!) e à sua “promoção” para Bruxelas…
Não aceito nem nunca vou aceitar que a pessoa que tanto elogiou e deu cobertura, até ao fim, aos desvarios do Senhor Bush tenha afirmado, em entrevista a um grande jornal português, há cerca de um ano, que dorme como um bebé, o sono dos justos, que venha hoje tentar fazer crer, sem nunca ter apresentado qualquer desculpa ou arrependimento, que nada tem a ver com uma tragédia que já vitimou entre 300 mil e 1 milhão de seres humanos no Iraque e que se apresente hoje como defensor e apologista das políticas do Senhor Obama quando elas são exactamente opostas às do seu directo antecessor, de quem o então Primeiro-Ministro de Portugal, o actual Presidente da Comissão Europeia, sempre foi seguidista e subserviente. Onde está a verticalidade, a postura e a coerência de um ser, ainda por cima quando se pretende projectar como estadista?
Para alguém como eu que há 30 anos convive com o sofrimento e o horror tal é insuportável!
E nada tem a ver com partidos políticos (no PSD, nomeadamente, orgulho-me de me considerar há muitos anos amigo dos Drs. Fernando Nogueira, Leonor Beleza, Teresa Gouveia, António Capucho, Luís Filipe Menezes, Alarcão Troni… e de ter sempre tido o maior respeito e consideração pelo Professor Cavaco Silva). Tem a ver simplesmente com dignidade, coerência, coluna vertebral e honra. Só isso e apenas isso!
O cidadão Fernando Nobre sempre apoiou, pagando sempre por ter essa ousadia, quem quis apoiar sem nunca nada negociar, pedir ou receber em troca.
O cidadão Fernando Nobre arroga-se, por isso mesmo, o direito inalienável e indeclinável de criticar atitudes que entende indignas e que magoam a sua consciência de ser humano e de português.
Quem quiser entender que entenda. Quem não quiser, apenas posso lamentar! Penitencio-me no entanto desde já se as minhas palavras, pronunciadas num certo contexto, provocaram algum sofrimento, embora certamente muito menor do que o sofrido pelos portugueses quando o seu Primeiro-Ministro fugiu para Bruxelas e pelas centenas de milhares de feridos, torturados e mortos iraquianos e americanos que padeceram e continuam a padecer numa guerra que tem nomes e rostos responsáveis!
É o que penso como cidadão. A AMI nada tem a ver com isso como nunca nada teve a ver com os apoios políticos que dei até hoje, como cidadão independente, a começar, repito, pelo apoio que dei ao actual presidente da Comissão Europeia quando participei na Convenção do PSD no Coliseu de Lisboa, em Fevereiro 2002, que o levou a Primeiro Ministro de Portugal.Espero que o que fica aqui explanado ajude a esclarecer, embora possa não o justificar, certas afirmações que tenha feito.
Muito Obrigado.
PS: Nos próximos 10 dias estarei no Mali e desde já lamento não poder comunicar convosco. Retomarei o dialogo quando voltar…
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