terça-feira, 7 de abril de 2009

CURIOSIDADES:

MITOLOGIA GUARANI

A saga dos deuses guaranis

História mitológica inédita dos índios guaranis Mbyás de São Miguel, Biguaçu (Santa Catarina).

Por Ozias Alves Jr (jornalista) e-mail ozias@matrix.com.br

No princípio dos tempos, a Terra era habitada por criaturas abomináveis. Eram os "Pamba'e Djaguá" (Feras Extraordinárias). "Nhanderu ete", o deus supremo do universo, decidiu eliminar os "Pamba'e Djaguá" lançando sobre a terra uma estrela incandescente, a "Djatchir Tata'i guatchú".

Tidos como criaturas do mal, os "Pambá é Djaguá", que a civilização ocidental chama de "Dinossauros" ("Lagartos Terríveis" em grego), foram mortos pelo terrível calor provocado pelo cometa. Sobre as cinzas deste mundo, "Nhanderú etê"decidiu repovoá-lo com um novo ser, o "Homem".

Em guarani, "Nhanderú etê" significa "Deus Verdadeiro". É o Deus de forma humana cujos olhos refletem a infinidade das cores. Onde aparece, reflete luz. Vaga pelo cosmos num veículo voador chamado "Bairý".

"Nhanderu ete" percorreu o "Nhe'ê Rekuagui", o "lugar das almas", o mundo dos espíritos. De lá trouxe "Nhande ypy", o "Primeiro Homem", transportando-o em seu "Bairý" até a Terra.

Chegando aqui em nosso planeta, "Nhanderu ete" advertiu a "Nhande ypy" que sua missão era povoar a Terra e não permitir que o egoísmo tomasse conta dos corações de seus descendentes. Acrescentou o deus que o egoísmo tornar-se-ia a raiz de todo o mal da humanidade pois desencadeia as guerras e toda sorte de violência do homem contra o homem. Advertiu para que os homens prezassem por sua memória, cujo exemplo inspiraria os homens a praticar o bem. Nascia ali a religião guarani.

- Nunca pense em si para que a humanidade não sofra, aconselhou profeticamente o Deus na língua do mundo dos espíritos que se transformou no primeira idioma da Terra, segundos os guaranis mbyás.

"Nhandeý pý" era um espírito. Chegando à Terra, transformou-se num "homem" de carne e osso. Um espírito, se quiser e tiver a energia necessária, pode se materializar em forma de um corpo, diz a tradição dos índios guarani.

"Nhandeý pý" , o "Adão" dos guarani mbyá, ficou dois anos sozinho na Terra. "Mokõi aragudjê" (dois anos depois), eis que o deus "Nhanderú etê" voltou ao mundo espiritual "Nheé Rekuaguí"para trazer uma "Nhande Tchir pý" (A 1ª mulher). Tomando-a como esposa, "Nhandeý pý"teve seis filhos cujos nomes são: 1) Kraí í (Poder Divino), 2) Nhamandú (Reflexo do Sol), 3) Djatchir (Dona da Noite), 4) Wherá Tupã (Deus da Chuva), 5) Wherá Nhimbodjerê (Dia e Noite, o giro da Terra) e 6) Pará Guatchú (Oceano).

Eram cinco homens e uma mulher ("Djatchir"). Eis o grupo inicial do qual, segundo os guaranis, descende a humanidade. Os mbyá têm o costume de adotar como sobrenome um dos seis filhos do casal "Nhandeý pý" e "Nhande Tchir pý". Segundo eles, tal costume visa indicar de quem descende os atuais índios entre os seis primeiros filhos da humanidade.

O primeiro casal e seus filhos são os primeiros homens "mortais" da humanidade, de acordo com a mitologia guarani mbyá. O deus supremo "Nhanderú etê" gerou três deuses secundários principais para serem seu intermediário junto aos homens. Tratam-se de: 1) "Kraí" (Iluminado), 2) "Kraí Rendy Vydjú" (Poder da Luz) e 3) "Kraí Kendá" (Anjo que mostra o Bem e o Mal).

Este último, "Kraí Kendá", é quem os católicos chamam de "Anjo da Guarda" pois é um espírito que adverte os homens sobre o Bem e o Mal. É aquela voz interior que chamamos "Consciência".

Ao mesmo tempo que os deuses vindos do espaço sideral percorriam a Terra, o Adão e Eva da mitologia guarani mbyá vivia num mundo de bonança e prosperidade. Mas faltavam os netos. O casal tinha seis filhos- cinco homens e uma mulher. Os filhos não tinham esposas. Se quisesem ter filhos, só a irmã. Porém, mesmo nos primórdios da humanidade, respeitava-se o tabu do incesto, isto é, irmão não poderia manter relação sexual com a irmã. (...)

Restante artigo e retirado de:

http://www.staff.uni-mainz.de/lustig/guarani/floripa/#a%20Hist%C3%B3ria

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